Receais a grande luz?Tendes medo do Abecê?...
Então castigai quem lê,
Voltai à plebe soez!
Recuai sempre na História,
Apagai o gás nas ruas,
Deixai as crianças nuas,
E venha a forca outra vez!
Palmas, mais numerosas, já sinceras, estalaram pela sala, que cedia enfim ao repetido encanto daquele lirismo humanitário e sonoro. Já não importava a Republica, os seus perigos. Os versos rolavam, cantantes e claros; e a sua onda larga arrastava os espíritos mais positivos. Sob aquele bafo de simpatia Alencar sorria, com os braços abertos, anunciando uma a uma, como pérolas que se desfiam, todas as dádivas que traria a República. Debaixo da sua bandeira, não vermelha mas branca, ele via a terra coberta de searas, todas as fomes satisfeitas, as nações cantando nos vales sob o olhar risonho de Deus. Sim, porque Alencar não queria uma Republica sem Deus! A Democracia e o Cristianismo, como um lírio que se abraça a uma espiga, completavam-se, estreitando os seios! A rocha do Golgotha tornava-se a tribuna da Convenção! E para tão doce ideal não se necessitavam cardeais, nem missais, nem novenas, nem igrejas. A Republica, feita só de pureza e de fé, reza nos campos; a lua cheia é hóstia; os rouxinóis entoam o tantum ergo nos ramos dos loureirais. E tudo prospera, tudo refulge - ao mundo do Conflito substitui-se o mundo do Amor...
Á espada sucede o arado,A Justiça ri da Morte,
A escóla está livre e forte,
E a Bastilha derrocada.
Róla a tiára no lodo,
Brota o lírio da Igualdade,
E uma nova Humanidade
Planta a cruz na barricada!