A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 11 / 182

Para seu alívio, às quatro horas Dean levantou-se e declarou que ia à loja Rivers Brothers comprar colarinhos e gravatas. Mas quando saíram, um outro grupo juntou-se-lhes. Para grande preocupação de Gordon, Dean estava agora muito bem disposto, feliz na expectativa do baile da noite, vagamente alegre. Na Rivers escolheu uma dúzia de gravatas, optando por cada uma após longas consultas ao outro homem. Achava ele que as gravatas estreitas estavam de novo na moda? E não era uma pena que a Rivers não conseguisse arranjar mais colarinhos Welsh Margotson? Nunca houvera um colarinho como o «Covington».

Gordon estava quase em pânico. Precisava imediatamente do dinheiro. E estava agora também empolgado pela vaga ideia de ir ao baile Gama Psi. Queria ver Edith - a Edith que não voltara a encontrar desde a noite romântica no Country Club de Harrisburg, precisamente antes de partir para França. O romance morrera, submerso pelo turbilhão da guerra e esquecido na confusão daqueles três meses, mas a imagem dela, viva, airosa, absorvida no seu próprio tagarelar inconsequente, surgiu-lhe inesperadamente, trazendo consigo centenas de recordações. Fora o rosto de Edith que ele acalentara durante os anos da universidade, com uma espécie de admiração desprendida e no entanto afectuosa. Teria adorado desenhá-la - espalhados pelo quarto houvera dúzias de esboços dela, a jogar golfe, a nadar - seria capaz de desenhar o seu perfil atrevido e atraente de olhos fechados.

Saíram da Rivers às cinco e meia e pararam por um momento no passeio.

- Bem - disse Dean jovial. - Agora já tenho tudo. Acho que vou voltar para o hotel, fazer a barba, cortar o cabelo e dar uma massagem.

- Está bem - disse o outro - acho que vou contigo.

Gordon pensou se afinal ia ficar derrotado.





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