Ele não respondeu.
- Ora, tu nunca gostaste de mim, bem sei continuou ela. - Estás simplesmente a aproveitar-te de bisbilhotices parvas para desfazer a única amizade interessante que jamais tive. O que foi que eu fiz para me odiares tanto?
Anson continuava à espera. Iria surgir o apelo ao seu cavalheirismo, depois à sua compaixão, finalmente à sua superior sofisticação. Quando tivesse passado por tudo Isto haveria então a aceitação e ele poderia bater-se com ela. Mantendo-se silencioso, impenetrável, recorrendo constantemente à sua arma principal que era a sua própria emoção sincera, ele reduziu-a a um desespero louco, à medida que decorria a hora de almoço. Às duas horas ela tirou da mala um espelho e um lenço, disfarçou as marcas das lágrimas e pôs pó-de-arroz nos sítios onde elas tinham secado. Concordara em encontrar-se com ele às cinco horas, em sua casa.
Quando ele chegou ela estava estendida numa cadeira de repouso coberta de cretone durante o Verão e as lágrimas que ele provocara ao almoço pareciam bailar-lhe ainda nos olhos. Então ele apercebeu-se da presença de um Cary Sloane, escuro e ansioso junto da lareira apagada.
- Que ideia foi esta que teve? - explodiu Sloane imediatamente. - Parece que convidou a Edna para almoçar e depois ameaçou-a por causa de um escândalo reles.
Anson sentou-se.
- Não tenho razão para pensar que é apenas um escândalo.
- Parece que vai contar tudo ao Robert Hunter e ao meu pai.
Anson confirmou com a cabeça.
- Ou vocês acabam ou... ou eu faço isso mesmo.
- Que diabo é que você tem a ver com o assunto, Hunter?
- Não percas a cabeça, Cary - disse Edna nervosa.