A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 16 / 182

Desta vez não se levantou e ficou resfolegando, com sangue a escorrer dos lábios, com golpes por dentro e por fora.

Houve um clamor de vozes e num minuto Key e Rose viram-se a correr com a multidão desordenada pela Sexta Avenida abaixo, sob o comando de um civil magrinho, de chapéu mole, e do soldado musculoso que acabara sumariamente com a dissertação. A multidão tinha engrossado extraordinariamente até atingir proporções formidáveis, e um grupo de cidadãos menos activistas seguia-a ao longo dos passeios, dando suporte moral com vivas intermitentes.

- Para onde é que vamos? - gritou Key pata o homem mais perto de si. O vizinho apontou para o guia de chapéu mole.

- Aquele tipo sabe onde é que há muitos! Vamos mostrar-lhes como é!

- Vamos mostrar-lhes como é! - sussurrou Key, deleitado, a Rose, que repetiu a frase entusiasticamente para um homem do outro lado.

E lá ia a procissão pela Sexta Avenida abaixo, engrossada aqui e ali por soldados e marinheiros, e de vez em quando por civis, que se aproximavam gritando que tinham acabado de sair do exército como se isso fosse uma espécie de cartão de ingresso num clube recreativo recém-formado.

Então a procissão meteu por uma rua transversal e dirigiu-se para a Quinta Avenida e dizia-se por aqui e ali que iam para um comício comunista em Tolliver Hall.

- Onde é?

A pergunta voou pela multidão acima e um momento depois a resposta desceu. Tolliver Hall era para os lados Ida Rua 10. Havia um grupo de outros soldados que ia desfazer o comício e que já lá estava!

Mas a Rua 10 soava a coisa muito distante e quando se ouviu mencioná-la levantou-se um murmúrio geral e uma fatia da procissão desistiu. Entre eles, Rose e Key, que se puseram a andar devagar e deixaram os mais entusiastas prosseguir.





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