A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 41 / 182

- Tenho imenso que fazer - objectou - e detesto mulheres em grupo.

- Está bem - concordou ela imperturbável. Mas vamos almoçar os dois juntos.

- De acordo.

- Venho buscar-te ao meio dia.

Bartholomew estava obviamente ansioso para voltar para a sua secretária, mas pareceu achar que seria má-criação ir-se embora sem um gracejo de despedida.

- Sabe - começou a dizer com acanhamento. Ambos se voltaram para ele.

- Sabe, nós passámos uns momentos emocionantes ao princípio da noite.

Os dois homens trocaram olhares.

- Devia ter vindo mais cedo - continuou Bartholomew, mais encorajado. - Tivemos um autêntico espectáculo de variedades.

- Ah sim?

- Uma serenata - disse Henry. - Um magote de soldados juntou-se lá em baixo na rua e começou aos berros por causa do leiteiro.

- Porquê? - perguntou ela.

- Era só um grupo - disse Henry abstracto.

- Todos os grupos têm de vociferar. Não tinham a incitá-los ninguém com grande iniciativa, se não, tinham provavelmente rompido por aí dentro e partido coisas.

- Pois foi - disse Bartholomew, voltando-se de novo para Edith, - devia ter cá estado.

Isto pareceu-lhe deixa suficiente para se retirar, porque se voltou abruptamente e regressou à secretária.

- Os soldados estão todos contra os socialistas? - perguntou Edith ao irmão. - Quero dizer: atacam-vos violentamente e tudo o mais?

Henry colocou novamente a pala e bocejou.

- A raça humana percorreu um longo caminho - disse com indiferença - mas a maioria de nós está alheia; os soldados não sabem o que querem, nem o que odeiam, nem aquilo de que gostam. Estão habituados a actuar em grandes grupos, e dá a Impressão de que têm de fazer manifestações. Acontece que é contra nós. Esta noite houve distúrbios por toda a cidade.





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