A Década Perdida - Cap. 2: O DIAMANTE DO TAMANHO DO RITZ Pág. 78 / 182

O quantitativo de riqueza que ele e seu pai tinham tirado da montanha estava para além de todas as estimativas. Tinha um caderno de notas em código em que assentava a quantidade aproximada de rádio existente em cada um dos mil Bancos que apoiava, e registava as respectivas designações falsas. Então fez uma coisa muito simples: fechou a mina.

Fechou a mina. O que dela tinha sido extraído havia de manter todos os Washingtons ainda por nascer num luxo sem paralelo, durante gerações. A sua única preocupação teria de ser a salvaguarda do seu segredo, para que, no provável pânico que se geraria com a sua descoberta, ele e todos os outros proprietários do mundo não fossem reduzidos à miséria total.

Era no seio desta família que John T. Unger estava instalado. Foi esta a história que ele escutou na sala de estar com paredes de prata na manhã seguinte à sua chegada.

V

Depois do pequeno-almoço, John saiu pela grande porta de mármore e olhou curioso para a paisagem à sua frente. Todo o vale, desde a montanha de diamante até ao íngreme rochedo de granito a cinco quilómetros de distância, exalava ainda um sopro de névoa dourada que pairava indolente sobre a bela amplidão de prados, lagos e jardins. Aqui e ali, grupos de ulmeiros formavam delicados bosques de sombra, contrastando estranhamente com as massas austeras de pinheirais que prendiam as colinas num abraço de verde-escuro azulado. John viu três pequenos corços saírem em fila de um tufo de arbustos a cerca de quatrocentos metros de distância, e desaparecerem numa alegria desajeitada na meia-luz sulcada de negro de um outro arbusto. John não teria ficado surpreendido se visse um sátiro tocando flauta por entre as árvores ou avistasse a pele rosada de uma ninfa de cabelos loiros esvoaçantes entre as mais verdes das folhas verdes.





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