Por alguns minutos eu quase acreditara que ele fosse ladrão, e isso não podia ser apagado.
Pois bem, algumas semanas depois, no front, tive problemas com um dos homens em minha seção. A essa altura eu era "cabo", no comando de doze homens. Estávamos em guerra estática, fazia um frio terrível, e o trabalho principal estava em colocar sentinelas nos postos e fazer com que permanecessem acordadas. Certo dia um homem recusou-se a ir para determinado posto, dizendo muito acertadamente que ali estaria exposto ao fogo do inimigo. Era uma criatura franzina, e eu o agarrei e comecei a arrastá-lo para lá. Isso fez despertar os sentimentos dos outros contra mim, pois os espanhóis, ao que penso, são mais sensíveis ao toque do que nós, os ingleses. No mesmo instante fui cercado por homens a gritar: "Fascista! Seu fascista! Solte o rapaz! Isto não é um exército burguês! Seu fascista!", etc. etc. Tão bem quanto pude, em meu espanhol muito ruim, gritei também que as ordens tinham de ser obedecidas, e a briga se transformou num daqueles debates prolongados por meio dos quais a disciplina é gradualmente implantada nos exércitos revolucionários. Alguns diziam que eu tinha razão, outros que eu estava errado, mas o fato é que quem mais ardorosamente me defendeu foi o rapaz moreno. Assim que viu o que ocorria, entrou no meio dos outros e começou a defender-me calorosamente.