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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 57
Nossa tarefa agora era dar uma batida na posição e retirar tudo que valesse a pena. Benjamin e alguns outros já estavam vasculhando as ruínas de um abrigo maior, no meio da posição, e ele saiu cheio de animação pelo telhado destruído, puxando a braçadeira de corda de uma caixa de munição.

- Camaradas! Munição! Muita munição aqui!

- Não queremos munição - disse alguém. - Queremos fuzis.

Era verdade. Metade de nossos fuzis estava inservível, engasgada com lama. Podiam ser limpos, mas é perigoso retirar o ferrolho de um fuzil na escuridão, pois é só colocá-lo em algum lugar e perdê-lo em seguida. Eu tinha uma pequenina lanterna elétrica que minha mulher adquirira em Barcelona, e não fosse por isso não teríamos qualquer espécie de luz. Alguns homens com fuzis em bom estado deram início a um fogo desencontrado contra os clarões de disparos na distância. Ninguém se atrevia a atirar depressa, pois até os melhores fuzis estavam sujeitos a engasgar se esquentas sem demais. Havia perto de dezasseis homens dentro do parapeito, inclusive um ou dois que estavam feridos. Lá fora havia outros feridos, ingleses e espanhóis, caídos na lama. Patrick O'Hara, irlandês de Belfast que tivera algum preparo em primeiros socorros, ia de um para outro lado com pacotes de ataduras, pensando os feridos e, naturalmente, servindo de alvo a disparos vindos de nosso próprio lado da linha, todas as vezes em que voltava ao parapeito, e a despeito de seus gritos indignados de "Poum!"

Começamos a vasculhar a posição fascista. Havia diversos mortos, mas não parei para examiná-los. Eu procurava a metralhadora. Por todo o tempo em que estivemos lá fora, deitados na lama, eu pensara vagamente no motivo pelo qual a metralhadora não disparava. Enfiei a lanterna elétrica pelo ninho, e tive amarga deceção. Não estava lá! Ali se encontravam o tripé, bem como diversas caixas de munição e peças sobressalentes, mas a arma se fora. Os fascistas deviam tê-la desaparafusado e tirado dali ao primeiro alarme. Não havia dúvida de que agiam sob ordens, mas fora estúpido e covarde fazer isso, pois se a mantivessem no lugar poderiam esmagar todos nós. Estávamos furiosos, pois todos contávamos apreender uma metralhadora.

Procuramos de um e de outro lado, mas não achamos coisa alguma de maior valor. Havia grande número de bombas fascistas no chão, de tipo bastante inferior, que se disparava puxando um cordão, e guardei duas no bolso como lembranças.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 57

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173