E, enquanto os amigos ainda choravam junto ao leito de morte, a alma do pecador estava a ser julgada. No último momento de consciência, toda a sua vida terrestre perpassava diante da alma, e, antes que ela tivesse tempo de reflectir, o corpo tinha morrido e a alma encontrava-se, aterrorizada, diante da tribuna do julgamento. Deus, que durante longo tempo fora misericordioso, seria agora justo. Tinha-se mostrado, por muito tempo, paciente, argumentando com a alma pecadora, dando-lhe tempo para se arrepender, poupando-a algum tempo mais. Mas o tempo esgotara-se. O tempo tinha servido para pecar e para gozar, para escarnecer de Deus e dos conselhos da Sua santa Igreja, para desafiar a Sua majestade, para desobedecer às Suas ordens, para enganar os Seus semelhantes, para cometer um pecado atrás de outro, para ocultar a sua corrupção da vista dos homens. Mas esse tempo chegara ao fim. Agora, era a vez de Deus: e ele não podia ser enganado ou iludido. Todos os pecados sairiam, então, dos seus escaninhos, os mais rebeldes contra a vontade divina e os mais degradantes para a nossa fraca e corrupta existência, as mínimas imperfeições e as mais odiosas atrocidades. De que servia, então, ter sido um grande imperador, um grande general, um maravilhoso inventor, o mais sábio entre os sábios? Todos eram iguais diante do tribunal de Deus.