Havia criaturas naquele campo: uma, três, seis: criaturas que se moviam pelo campo, de um lado para o outro. Criaturas semelhantes a bodes, com rostos humanos, cornos nas frontes, barbas ralas e cinzentas como borracha. A perversidade do mal brilhava nos seus olhares duros, quando se moviam de um lado para o outro, arrastando atrás de si as longas caudas. Um ricto de cruel perversidade iluminava pardamente os seus velhos rostos ossudos. Uma das criaturas apertava em volta das costelas um colete de flanela rasgado, outra queixava-se monotonamente quando a sua barba ficava presa nos tufos de ervas. Dos seus lábios desprovidos de saliva saíam palavras suaves, enquanto descreviam lentos círculos silvantes, sempre em volta do campo, serpenteando por entre as ervas daninhas, arrastando as longas caudas por entre as latas que rolavam estrepitosamente. Moviam-se em lentos círculos, cada vez menores, fechando-se, fechando-se, enquanto saíam palavras suaves dos seus lábios, com as longas caudas sibilantes conspurcadas pelos excrementos fétidos, erguendo para ele os rostos aterrorizadores...
- Socorro!
Arremessou as cobertas para longe, desvairadamente, para destapar a cara e o pescoço. Aquilo era o Inferno. Deus tinha-lhe permitido que visse o Inferno reservado aos seus pecados: fétido, bestial, maligno, um Inferno de demónios lascivos, semelhantes a bodes. Para ele! Para ele!
Saltou da cama, sentindo o odor fétido a escorrer pela garganta, a invadir e a revoltar-lhe as entranhas.