- Um dedal, John - disse -, só para lhe abrir o apetite. Mr. Casey aceitou o copo, bebeu e colocou-o perto de si sobre a consola da lareira. Depois, disse:
- Bom, não consigo deixar de pensar no nosso amigo Christopher, a produzir...
Interrompeu-se, para rir e tossir, e continuou:
- ... a produzir champanhe para aqueles tipos. Mr. Dedalus soltou uma gargalhada.
- Refere-se ao Christy? - disse. - Há mais esperteza numa só verruga daquela cabeça calva do que numa matilha de raposas.
Inclinou a cabeça, fechou os olhos e, humedecendo profusamente os lábios, começou a falar com a voz do hoteleiro:
- E tem uma boca muito macia quando fala com as pessoas, não é verdade? Tem sempre os beiços bem húmidos e ensalivados, Deus o abençoe.
Mr. Casey estava ainda a lutar com o seu ataque de tosse e de riso. Stephen, vendo e ouvindo o estalajadeiro através do rosto e da voz do pai, começou a rir.
Mr. Dedalus pousou o copo e, fitando-o, disse com voz tranquila e bondosa:
- De que estás tu a rir, rapazinho?
Os criados entraram e colocaram as travessas sobre a mesa.
Mrs. Dedalus vinha atrás deles e começou a dispor os lugares.
- Sentem-se à mesa - disse ela.
Mr. Dedalus dirigiu-se à cabeceira da mesa e disse:
- Ora bem, Mrs. Riordan, faça o favor de se sentar. John, sente-se ali, meu amigo.
Olhou em volta, procurando o tio Charles, e disse:
- Ora bem, meu caro senhor, temos aqui um pássaro à sua espera.
Depois de todos terem tomado os seus lugares, pousou a mão sobre a tampa e disse, retirando-a logo:
- Começa, Stephen.
Stephen pôs-se de pé junto do seu lugar e deu as graças antes da refeição:
Abençoai-nos, Senhor, a nós e a estas dádivas que, graças à Vossa magnanimidade, estamos prestes a receber, por intermédio de Jesus' Cristo, nosso Senhor.