Todas as imagens que ele evocara eram falsas. O seu espírito alimentava parasitas. Os seus pensamentos eram piolhos nascidos do suor da indolência.
Regressou rapidamente para junto dos outros estudantes, avançando em passos rápidos pela colunata. Pois bem;' ela que se fosse e o desprezasse! Poderia apaixonar-se por um atleta asseado que se lavasse todas as manhãs até à cintura e tivesse pêlos negros no peito. Deixá-la ir.
Cranly tinha extraído outro figo seco da reserva que tinha no bolso e estava a comê-lo lenta e ruidosamente. Temple sentara-se na base de um pilar, encostado à coluna, com o boné puxado sobre os olhos sonolentos. Um rapaz atarracado saiu do pórtico, com uma pasta de cabedal debaixo do braço. Dirigiu-se ao grupo, ferindo as lajes com os tacões das botas e com a ponta do seu pesado guarda-chuva. Depois, erguendo o chapéu-de-chuva numa saudação, disse a todos:
- Boa noite, meus senhores.
Voltou a ferir as lajes e começou a emitir um riso abafado, enquanto a sua cabeça estremecia num leve movimento nervoso. O estudante alto e tísico, Dixon e O'Keeffe estavam ocupados a falar irlandês e não lhe responderam. Então, voltando-se para Cranly, o rapaz disse:
- Boa noite para si, em particular.
Apontou o chapéu-de-chuva na direcção dele e voltou a emitir um riso abafado. Cranly, que ainda estava a mastigar o figo, respondeu com ruidosos movimentos das mandíbulas.
- Boa? Sim. Está uma boa noite.
O estudante atarracado fitou-o seriamente e abanou o chapéu num jeito suave e reprovador.
- Estou a ver - disse - que está disposto a fazer observações óbvias.
- Hum - respondeu Cranly, estendendo o que restava do figo meio comido em direcção à boca do estudante atarracado, insinuando que poderia comê-lo.