- Ai vem o nobre Dedalus! - exclamou uma voz forte e gutural. - Bem-vindo seja o nosso fiel amigo!
Este acolhimento terminou numa leve risada forçada, enquanto Heron fazia uma vénia cerimoniosa e depois começava a espetar a bengala no chão.
- Aqui estou - disse Stephen, detendo-se e desviando o seu olhar de Heron para o seu amigo.
Este último era-lhe desconhecido mas, na escuridão, com a ajuda das pontas dos cigarros acesos, conseguiu distinguir o rosto pálido de um janota, lentamente percorrido por um sorriso; o rapaz era alto e usava um sobretudo e um chapéu de coco. Heron não se deu ao trabalho de o apresentar, limitando-se a observar:
- Estava aqui a dizer ao meu amigo Wallis que seria uma boa partida se tu, esta noite, imitasses o reitor, no teu papel de professor. Seria uma piada espantosa.
Heron fez uma fraca tentativa de imitar o tom baixo e pedante do reitor, para o seu amigo Wallis, e depois, rindo-se do seu fracasso, pediu a Stephen que o fizesse.
- Faz lá, Dedalus - insistiu -, tu és capaz de o imitar de uma forma hilariante. Aquele que não escuuuta a Igreja, não paaassa de um pagão e de um publicaaano.
A imitação foi interrompida por uma leve expressão de irritação da parte de Wallis, em cuja boquilha o cigarro ficara excessivamente entalado.
- Raios partam esta maldita boquilha - disse ele, tirando-a da boca e fitando-a com um sorriso tolerante. - O cigarro fica sempre entalado. Usa boquilha?
- Eu não fumo - disse Stephen.
- Não - disse Heron. - O Dedalus é um jovem exemplar.
Não fuma, não frequenta os bazares, não namora e nunca diz palavrões.