Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 2: II Pág. 79 / 273

Boland, o seu amigo, marchava ao lado dele, com um grande sorriso nos lábios, enquanto Nash caminhava alguns passos mais atrás, sem fôlego e a sacudir a cabeçorra ruiva.

Logo que os rapazes voltaram juntos para a Clonliffe Road, começaram a falar de livros e escritores, dizendo que livros andavam a ler e quantos livros havia nas estantes dos pais, em casa. Stephen escutava-os com certo espanto, porque Boland era o mais burro da turma e Nash, o mais preguiçoso. Efectivamente, depois de conversarem um pouco acerca dos seus autores favoritos, Nash decidira-se pelo Capitão Marryat, que, segundo declarou, era o maior de todos os escritores.

- Tolice! - disse Heron. - Pergunta ao Dedalus. Quem é o maior escritor, Dedalus?

Stephen notou o tom de zombaria na pergunta e disse:

- Referes-te a prosa?

- Sim.

- Newman, acho eu.

- Referes-te ao Cardeal Newman? - inquiriu Boland.

- Sim - respondeu Stephen.

O sorriso de Nash alargou-se e, voltando-se para Stephen, perguntou:

- Tu gostas do Cardeal Newman, Dedalus?

- Oh, há quem diga que Newman possui o melhor estilo, em prosa - disse Heron aos outros dois, a título de explicação -, mas, é claro, não é um poeta.

- E quem é o melhor poeta, Heron? - perguntou Boland.

- Lorde Tennyson, naturalmente - respondeu Heron.

- Oh, sim, Lorde Tennyson - disse Nash. - Temos lá em casa um livro com todos os poemas dele.

Ao ouvir isto, Stephen esqueceu-se dos votos de silêncio que tinha feito e explodiu:

- Tennyson um poeta! Não passa de um rimador!

- Oh, deixa-te disso! - disse Heron. - Toda a gente sabe que Tennyson é o maior dos poetas.

- E quem achas tu que é o melhor dos poetas? - perguntou Boland, dando uma cotovelada no seu companheiro.

- Byron, evidentemente - respondeu Stephen.





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