Orgulho e Preconceito - Cap. 46: Capítulo XLVI Pág. 298 / 414

Se a gratidão e a estima são fundamentos suficientes para a afeição, a moderação dos sentimentos de Elizabeth seria bastante natural. Mas, ao contrário, se a afeição oriunda de tais motivos é insensata e pouco natural, em comparação com aquela que em geral dizem se originar no instante mesmo do encontro e antes de qualquer palavra ser trocada, nada pode ser dito em defesa de Elizabeth, a não ser que ela tinha experimentado este último método com Wickham e que o seu fracasso talvez a autorizasse a procurar a outra espécie menos interessante de afeição. Seja como for, ela o viu partir com tristeza. E, ao refletir sobre aquele infeliz acontecimento, encontrou um motivo adicional de angústia no pensamento de que aquilo era apenas um exemplo dos males que a leviandade de Lydia poderia causar. Nem por um momento, desde que lera a segunda carta de Jane, Elizabeth tivera esperança de que Wickham tencionasse realmente se casar com a sua irmã. Ninguém, a não ser Jane, pensou ela, poderia alimentar tais esperanças. A surpresa fora o mínimo que sentira nessa ocasião. Ao ler a primeira carta, surpreendera-se enormemente de que Wickham quisesse se casar com aquela moça sem fortuna. Parecia-lhe também incompreensível que Lydia estivesse apaixonada por ele. Mas agora achava tudo natural. Para uma aventura daquelas ela poderia ter encantos suficientes. E, embora Elizabeth não supusesse que Lydia consentisse deliberadamente numa fuga sem intenção de casamento, tinha razões para acreditar que nem a virtude nem o entendimento a preservariam de se tornar uma presa fácil.

Enquanto o regimento estava no Hertfordshire, nunca percebera que Lydia manifestasse qualquer preferência por Wickham. Mas Elizabeth estava convencida de que Lydia se apegaria a qualquer pessoa que a encorajasse.





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