Tufão - Cap. 1: I Pág. 5 / 103

Uma ondulação de través vinda da direcção do canal da Formosa começara cerca das dez horas, sem incomodar muito esses passageiros, porque o Nan-Shan, com o seu fundo chato, estabilizadores de balanço nos costados, estabilizadores abaixo da linha de flutuação e grande largura máxima, tinha a reputação de ser um navio excepcionalmente' estável no alto mar. O senhor Jukes, nos seus momentos de expansão em terra, proclamava alto e bom som que a «velhota tinha tanto de boa como de bonita». Nunca teria ocorrido ao capitão MacWhirr exprimir a sua opinião favorável tão abertamente ou em termos tão extravagantes.

Era um bom navio, indubitavelmente, e bastante novo também. Fora construído em Dumbarton havia menos de três anos, por encomenda de uma firma comercial do Sião - os senhores Sigg & Filho. Quando ele se encontrou finalmente a flutuar, acabado em todos os pormenores e pronto para iniciar o trabalho da sua vida, os construtores contemplaram-no com orgulho.

- O Sigg pediu-nos que arranjássemos um capitão de confiança para levá-lo - observou um dos sócios.

O outro, depois de reflectir um momento, disse:

- Creio que o MacWhirr se encontra neste momento em terra.

- Sim? Então telegrafe-lhe imediatamente. É o homem que nos convém - declarou o sócio principal, sem um momento de hesitação.

Na manhã seguinte MacWhirr encontrava-se diante deles perfeitamente calmo, tendo viajado de Londres pelo expresso da meia-noite depois de uma despedida pouco expansiva de sua mulher. Ela era filha de um casal superior que havia visto melhores dias.

- É melhor irmos todos a bordo, capitão - disse o sócio principal; e os três homens começaram a examinar as perfeições do Nan-Shan da proa à popa, e da quilha até aos topos dos seus dois mastros atarracados.





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