Ele movia-se, trepando quase até à clarabóia, descendo até ao fundo, com uma actividade incansável, intencional, e quando ficava parado, apoiado no corrimão em frente do aparelho de arranque, não cessava de lançar olhadelas para a direita, observando o manómetro de pressão, o aparelho de nível de água, fixados na parede branca e iluminados por uma lâmpada oscilante. As bocas de dois tubos acústicos escancaravam-se estupidamente ao seu lado, e o mostrador do telégrafo da casa das máquinas parecia um relógio de grande diâmetro, ostentando no mostrador palavras breves em vez de algarismos. As letras agrupadas destacavam-se muito negras, em torno do eixo do ponteiro, enfaticamente simbólicas de exclamações berrantes: À V ANTE, À RÉ, DEVAGAR, MEIA-FORÇA, ATENÇÃO; e o grosso ponteiro preto apontava para baixo para as palavras TODA A FORÇA, que, assim destacadas, capturavam o olhar como um grito agudo provoca a atenção.
O volume revestido de madeira do cilindro de baixa pressão, franzindo majestosamente o cenho lá do alto, emitia um ligeiro ruído asmático a cada impulsão e, exceptuado esse silvo surdo, os membros de aço dos motores funcionavam impetuosa ou lentamente com uma suavidade silenciosa e decidida. E tudo isto, as paredes brancas, o aço em movimento, as chapas do pavimento debaixo dos pés de Salomão Rout, os pisos de grades de ferro por cima da sua cabeça, o lusco-fusco e os revérberos, subia e baixava continuamente, unanimemente, por cima do choque desapiedado das vagas contra o flanco do navio.