Alice no País das Maravilhas - Cap. 2: 2 - O Mar de Lágrimas Pág. 13 / 91

“Talvez ele não entenda inglês”, pensou Alice. “Quem sabe não é um rato francês, que veio à Inglaterra com Guilherme, o Conquistador?” (Com todo o seu conhecimento de História, Alice não tinha uma noção muito clara de há quanto tempo as coisas aconteceram.) Começou de novo: “Où est ma chatte?”, que era a primeira frase de seu livro de francês. O Rato teve um sobressalto e pulou fora d’água, tremendo, arrepiado de medo. “Oh! Perdoe-me, por favor!” gritou depressa Alice, com medo de ter ferido os sentimentos do pobre animal. “Esqueci completamente que você não gosta de gatos.” “Não gosto de gatos!?” gritou o Rato com voz estridente e exaltada. “Você gostaria de gatos, se fosse eu?” “É, acho que não” falou Alice num tom suave. “Mas não fique bravo. Sabe, eu gostaria que você conhecesse nossa gata Diná. Acho que você simpatizaria com gatos na mesma hora, se a visse. É tão meiga, tão quietinha”, prosseguiu Alice, falando um pouco para si própria, enquanto nadava preguiçosamente naquele mar, “e ela fica ronronando tão lindinha perto da lareira, lambendo suas patas e limpando seu rosto, e é tão macia de se acariciar, e é tão necessária para caçar camundongos... Oh! Perdoe-me, por favor!” implorou Alice de novo, pois dessa vez o Rato estava todo eriçado,10 e ela teve certeza de que o ofendera verdadeiramente. “Não falaremos mais dela, se você preferir.” “Nós? Não diga!” berrou o Rato, que estava trêmulo até a ponta do rabo. “Como se eu tivesse falado de um tal assunto! Nossa família sempre detestou gatos: animais sórdidos, reles, vulgares! Não me fale essa palavra de novo!” “Juro que não falarei mais” disse Alice, com pressa de mudar o assunto da conversa. “Você gosta de... gosta de... cachorros?”





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