Alice no País das Maravilhas - Cap. 6: 6 - O Porco e a Pimenta Pág. 45 / 91

“Naquela direção”, disse o Gato, ondulando sua pata direita, “mora um Chapeleiro; naquela outra”, agitando a outra pata, “mora uma Lebre de Março. Visite ou um ou outro: ambos são loucos.”

“Mas eu não quero me encontrar com gente louca”, observou Alice.

“Oh, não se pode evitar”, disse o Gato, “todos são loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.”

“Como sabe que eu sou louca?” indagou Alice.

“Você deve ser”, respondeu o Gato, “ou então não teria vindo aqui.”

Alice não achou que isso comprovava nada; todavia continuou: “E como você sabe que é louco?”

“Para começar”, disse o Gato, “um cachorro não é louco. Concorda?”

“Acho que sim”, respondeu Alice.

“Bem”, prosseguiu o Gato, “você vê um cão rosnar quando está bravo, e abanar o rabo quando está feliz. Agora, eu rosno quando estou feliz e balanço o rabo quando estou bravo. Logo, sou louco.”

“Eu chamo isso ronronar, não rosnar”, disse Alice.

“Chame como quiser”, disse o Gato. “Você vai jogar croquet com a Rainha hoje?”

“Gostaria muito”, falou Alice, “mas até agora não fui convidada.”

“Você me encontrará lá”, disse o Gato, e desapareceu no ar.

Alice não se surpreendeu tanto, pois já ia se habituando a esses acontecimentos estranhos. Enquanto ainda olhava o lugar onde o Gato tinha sumido, de súbito ele reapareceu.

“A propósito, o que aconteceu com o bebê?” falou o Gato. “Quase ia me esquecendo de perguntar.”

“Transformou-se num porquinho”, respondeu Alice muito tranquilamente, como se o Gato tivesse voltado de maneira normal.

“Era o que eu achava”, disse o Gato, e desapareceu de novo.

Alice esperou um pouco, meio esperançosa de vê-lo outra vez, mas ele não apareceu.





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