Alice ficou completamente perplexa. “Ele faz botas e sapatos!” repetiu em tom de espanto.
“Ora, quem é que faz os seus sapatos?” perguntou o Grifo. “Quero dizer, quem os conserta?”
Alice olhou para baixo antes de responder: “o sapateiro.”
“Pois no fundo do mar”, continuou o Grifo com voz grave, “botas e sapatos são feitos pelo peixe-martelo... com auxílio do peixe-prego e do peixe-agulha. Entendeu?”
“E do que é que são feitos?” indagou Alice com grande curiosidade.
“De couro de peixe-boi, é claro”, replicou o Grifo com muita impaciência: “qualquer camarãozinho poderia lhe dizer isto.”
“Se eu fosse o peixe-martelo”, disse Alice, cujo pensamento ainda estava voltado à canção, “teria dito ao pinguim, ‘Afastese, por favor! Não queremos você conosco!’”
“Mas eles eram obrigados a aceitá-lo”, falou a Falsa Tartaruga. “Nenhum peixe sensato vai a parte alguma sem um pinguim.”
“É mesmo?” exclamou Alice com grande surpresa.
“Claro que é”, disse a Falsa Tartaruga. “Ora, se um peixe viesse me dizer que estava saindo para uma longa jornada, eu lhe perguntaria ‘Com que pinguim?’”
“Você quer dizer ‘Com que fim?’” perguntou Alice.
“Quero dizer o que disse”, respondeu a Falsa Tartaruga em tom ofendido. E o Grifo acrescentou: “Bem, agora queremos ouvir algumas das suas aventuras.”
“Eu podia contar minhas aventuras... a começar desta manhã”, disse Alice, um pouco envergonhada. “Não adiantaria falar sobre ontem, porque até então eu era uma pessoa diferente.” “Explique isso tudo”, disse a Falsa Tartaruga.
“Não, não! As aventuras primeiro”, disse o Grifo com impaciência: “explicações tomam um tempo medonho!”
Então Alice começou a contar-lhes as suas aventuras desde quando vira pela primeira vez o Coelho Branco.