Pois”, disse a nadadora amiga, “há praias do outro lado:
Se é longe da Inglaterra, então é próximo da França,
Assim não temas, cara lesma, e vem entrar na dança.
Vais ou não, tu vais ou não, tu vais entrar na dança?
Vais ou não, tu vais ou não, tu vais entrar na dança?”
“Muito obrigada, é uma dança muito interessante de ver”, disse Alice, sentindo-se aliviada que enfim tivesse acabado: “e gostei muito dessa curiosa canção sobre o peixe-martelo!”
“Ah, sim, o peixe-martelo”, disse a Falsa Tartaruga, “você conhece algum, não conhece?”
“Sim”, foi dizendo Alice, “sempre os vejo no jan...” mas controlou-se a tempo.
“Não sei onde é que fica o Jan”, disse a Falsa Tartaruga, “mas se você já os viu tantas vezes, é claro que deve saber como são.”
“Acho que sim”, respondeu Alice pensativa. “Eles têm o rabo na boca e são cobertos de farelo de pão.”
“Quanto ao farelo de pão você está errada”, disse a Falsa Tartaruga: “o farelo se desmancharia no mar. Mas eles de fato têm o rabo na boca; e a razão disso é...” Neste ponto a Falsa Tartaruga bocejou e fechou os olhos. “Fale para ela a razão disso e tudo o mais”, pediu ao Grifo.
“A razão”, disse o Grifo, “é que eles queriam muito ir com as lagostas dançar a quadrilha. Então foram jogados para fora do mar. Daí, como tinham que cair muito longe, prenderam o rabo na boca. E daí não puderam soltar mais. É tudo.”
“Muito obrigada”, disse Alice, “é muito interessante. Nunca aprendi tanto sobre o peixe-martelo.”
“Posso contar-lhe mais coisas, se quiser”, disse o Grifo. “Você sabe por que ele se chama peixe-martelo?” “Nunca pensei nisto antes”, disse Alice, “mas deve ser porque...”
“Porque ele faz botas e sapatos”, concluiu o Grifo solenemente.