Alice no País das Maravilhas - Cap. 11: 11 - Quem Roubou as Tortas Pág. 82 / 91

“Eu não disse nada!” interveio rapidamente a Lebre de Março.

“Disse sim!” afirmou o Chapeleiro.

“Nego!” disse a Lebre de Março.

“Ela nega”, disse o Rei, “deixemos isso de lado.”

“Bem, de toda maneira, o Dormidongo também disse...” prosseguiu o Chapeleiro, olhando ansiosamente para ver se o Dormidongo também negava; mas este não negou, pois estava em sono profundo.

“Desde então”, continuou o Chapeleiro, “eu cortei mais fatias...”

“Mas o que o Dormidongo disse?” quis saber um dos jurados.

“Não me lembro”, disse o Chapeleiro.

“Você deve lembrar-se”, observou o Rei, “ou então mandarei executá-lo.”

O pobre Chapeleiro derrubou a xícara e o pão com manteiga e ajoelhou-se. “Sou um pobre homem, Majestade”, começou ele.

“Você é um pobre orador”, disse o Rei.

Neste ponto um dos porquinhos-da-índia aplaudiu, mas foi imediatamente abafado pelos oficiais da corte. (Como esta talvez seja uma expressão difícil de compreender, explicarei o que foi feito. Eles tinham um grande saco de estopa, cuja boca se fechava com cadarços: enfiaram o porquinho-da-índia ali, de cabeça para baixo, e sentaram-se em cima.)

“Estou feliz por ter visto isso”, pensou Alice, “pois muitas vezes li nos jornais que, no final de um julgamento, ‘Houve tentativas de aplausos, imediatamente abafadas pelos oficiais da corte,’ mas nunca tinha entendido.”

“Se é tudo o que tem a dizer sobre o caso, pode descer”, disse o Rei.

“Não posso abaixar mais”, disse o Chapeleiro, “já estou no chão.”

“Então pode sentar-se”, replicou o Rei.

Neste ponto o outro porquinho-da-índia aplaudiu, e também foi abafado.

“Muito bem, acabaram os porquinhos-da-índia!” pensou Alice. “Talvez agora as coisas melhorem.”





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