Alice no País das Maravilhas - Cap. 12: 12 - O Depoimento de Alice Pág. 87 / 91

“Com licença de Vossa Majestade, ainda há provas a examinar”, disse o Coelho Branco dando um salto: “este documento acaba de ser encontrado.”

“Do que se trata?” indagou a Rainha.

“Ainda não abri”, respondeu o Coelho Branco, “mas parece ser uma carta, escrita pelo prisioneiro para... para alguém.”

“Só pode ser isso”, disse o Rei, “a menos que tenha sido escrita para ninguém, o que não é muito usual, você sabe.”

“A quem é endereçada?” perguntou um dos jurados.

“Não é propriamente endereçada...” disse o Coelho Branco, “na verdade, não há nada escrito do lado de fora.” Enquanto falava, desdobrou o papel, acrescentando: “Nem é uma carta, afinal de contas: são versos.”

“Estão escritos com a caligrafia do prisioneiro?” perguntou outro jurado.

“Não, não estão”, respondeu o Coelho Branco, “e isso é o mais estranho de tudo.” (Todos os jurados pareciam perplexos.)

“Ele deve ter imitado a caligrafia de outra pessoa”, disse o Rei. (Todos os jurados animaram-se outra vez.)

“Com licença de Vossa Majestade”, disse o Valete, “eu não escrevi isso, e ninguém poderá provar o contrário: não há nenhum nome assinado embaixo.”

“Se você não assinou”, disse o Rei, “isso só piora a situação. Você certamente deve ter feito algo de errado, ou então teria assinado seu nome como qualquer pessoa honesta.”

Houve uma salva de palmas nesse momento: foi a primeira coisa inteligente que o Rei dissera naquele dia.

“Isso prova a sua culpa, é claro”, disse a Rainha: “Logo, cortem-lhe...”

“Isso não prova nada!” interveio Alice. “Ora, vocês nem sabem o que dizem aqueles versos!”

“Leia-os!” ordenou o Rei.

O Coelho Branco pôs os óculos. “Por onde devo começar, Majestade?” perguntou ele.

“Comece pelo começo”, disse o Rei muito seriamente, “e continue até chegar ao fim: então, pare.”





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