O Retrato de Dorian Gray - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 273 / 335

- Gosto dos homens que têm um futuro e das mulheres que têm um passado - respondeu Lord Henry. - Ou parece-lhe que isso redundaria numa reunião de saias?

- Talvez - disse ela, rindo, ao levantar-se. - Mil perdões, minha querida Lady Ruxton - acrescentou. Não reparei que não tinha acabado o seu cigarro.

- Não faz mal, Lady Narborough. Fumo demais. Vou-me reprimir daqui por diante.

- Não faça isso, peço-lhe, Lady Ruxton - disse Lord Henry. - A moderação é uma coisa fatal. O suficiente é tão mau como uma refeição vulgar. O supérfluo é tão bom como um festim.

Lady Ruxton fitou-o com curiosidade.

- Há-de vir uma tarde explicar-me isso, Lord Henry. Parece uma teoria fascinante - murmurou, ao sair da sala.

- Agora, olhem lá não se demorem muito tempo a falar de política e escândalos - bradou da porta Lady Narborough. - Senão, temos bulha pela certa.

Os homens riram-se, e o Sr. Clapman ergueu-se solenemente lá do fundo e veio para a cabeceira da mesa. Dorian Gray mudou de lugar para ir sentar-se ao lado de Lord Henry. O Sr. Clapman começou a falar em voz alta da situação na Câmara dos Comuns. Ria-se com estrépito dos adversários. A palavra doctrinaire - vocábulo aterrorizador para a mentalidade britânica - reaparecia de quando em quando por entre as suas objurgatórias.





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