Na manhã seguinte estava Dorian Gray almoçando quando entrou Basil Hallward.
- Estimo imenso encontrá-lo, Dorian - disse gravemente. - Vim cá ontem à noite, e disseram-me que estava na Ópera. Eu sabia, é claro, que isso era impossível. Mas gostava que me tivesse deixado dito para onde tinha ido. Passei uma noite terrível, com medo de que uma tragédia fosse seguida doutra. Podia-me ter telegrafado, logo que soube. Só por acaso li a notícia no Globe, à noite no clube. Vim cá imediatamente e fiquei pesaroso por não o encontrar. Não lhe posso dizer quanto me confrange tudo isso. Sei o que deve sofrer. Mas onde foi você? Foi visitar a mãe da rapariga? Pensei um momento em lá ir procurá-lo. Vinha no jornal a morada. Lá para a Rua Euston, não é verdade? Mas receei intrometer-me numa dor que eu não podia mitigar. Pobre mulher! Como ela devia estar! Não tinha mais filhos? Que disse ela de tudo isto?
- Meu caro Basil, sei lá - murmurou Dorian Gray, bebendo uns goles de vinho amarelo pálido por um delicado cálice de cristal de Veneza e parecendo extremamente aborrecido. - Estive na Ópera. Você devia lá ter ido. Encontrei-me pela primeira vez com Lady Gwendolen, irmã do Henry. Estivemos no camarote dela.