A República - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 188 / 290

- Compreendo-te em parte, mas não o suficiente - porque me parece que tratas de um tema muito difícil; queres distinguir, sem dúvida, como mais claro, o conhecimento do ser e do inteligível que se adquire pela ciência dialéctica daquele que se adquire através do que denominamos as artes, às quais as hipóteses servem de princípios; é certo que os que se consagram às artes são obrigados a fazer uso do raciocínio, e não dos sentidos: contudo, como nas suas investigações não apontam para um princípio, mas partem de hipóteses, não acreditas que eles tenham a intelcência dos objectos estudados, mesmo que a tivessem com um princípio; ora, chamas conhecimento discursivo, e não inteligência, ao dos indivíduos versados na geometria e nas artes semelhantes, entendendo por isso que esse conhecimento é intermédio entre a opinião e a inteligência.

- Compreendeste-me o suficiente - disse eu. - Aplica agora a estas quatro divisões as quatro operações da alma: a inteligência à mais elevada, o conhecimento discursivo à segunda, à terceira a fé, à última a imaginação; e ordena-as atribuindo-lhes mais ou menos evidência, consoante os seus objectos participam mais ou menos na verdade.

- Compreendo - disse ele. - Estou de acordo contigo e adopto a ordem que propões.





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