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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 161

- Deste modo, Gláucon, com certa dificuldade e ao cabo de uma discussão assaz longa, distinguimos os filósofos daqueles que o não são.

- Talvez - disse ele - não fosse fácil consegui-lo numa breve discussão.

- Talvez - concordei. - E creio até que teríamos chegado a um mais alto grau de evidência se não tivéssemos de discorrer senão sobre este ponto e não houvesse muitas outras questões a tratar, para vermos em que difere a vida do homem justo da do homem injusto.

- Que temos então a tratar depois disso? - perguntou.

- Ah!, o que se segue imediatamente? Visto que são filósofos os que podem chegar ao conhecimento do imutável, ao passo que os que não podem, mas erram na multiplicidade dos objectos variáveis, não são filósofos, quais devem ser tomados por chefes da cidade?

- Que dizer, para dar uma resposta esclarecida?

- Os que parecem capazes de velar pelas leis e as instituições da cidade são os que devemos nomear para guardas.

- Está certo - disse ele.

- Mas - prossegui - põe-se a questão de saber se é a um cego ou a um clarividente que se deve confiar a guarda de um objecto qualquer?

- Como - inquiriu - se poria ela?

- Ora, em que diferem, na tua opinião, dos cegos os que estão privados do conhecimento do ser real de cada coisa, que não têm na sua alma nenhum modelo luminoso nem podem, à maneira dos pintores, voltar os olhos para o verdadeiro absoluto e, depois de o terem contemplado com a máxima atenção, reportar-se a ele para estabelecer neste mundo as leis do belo, do justo e do bom, se for necessário estabelecê-las, ou velar pela sua salvaguarda, se já existirem?

- Por Zeus - disse ele -, não diferem muito dos cegos!

- Torná-los-emos então como guardas, de preferência aos que conhecem o ser de cada coisa, e que, aliás, não lhes ficam atrás nem em experiência nem em nenhuma espécie de mérito?

- Seria absurdo não escolher os últimos, se, quanto ao resto, em nada ficam atrás dos primeiros; com efeito, neste aspecto, que é talvez o mais importante, detêm a superioridade.

- Convirá dizer agora de que maneira poderão aliar a experiência à especulação?

- Com certeza.

- Como dizíamos no começo desta conversa, é preciso começar por conhecer bem o carácter que lhes é próprio; e eu penso que, se chegarmos a um acordo satisfatório, concordaremos também que podem aliar a experiência à especulação e que é a eles, e não a outros, que deve pertencer o governo da cidade.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 161

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265