A República - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 35 / 290

— E sobre um homem ignorante em medicina?

— Sim.

— Mas vê, a respeito da ciência e da ignorância em geral, se um sábio, qualquer que seja, te parece querer prevalecer, nos seus actos ou nas suas palavras, sobre outro sábio e não agir como o seu semelhante no mesmo caso.

— Talvez seja necessário — confessou — que seja assim.

— Mas não quererá o ignorante prevalecer sobre o sábio e o ignorante? — Talvez.

— Ora, o sábio é sábio?

— É.

— E o sábio é bom?

— É.

— Portanto, o homem sábio e bom não quererá prevalecer sobre o seu semelhante, mas sobre aquele que não se lhe assemelha, sobre o seu contrário.

— Aparentemente — disse ele. assemelha?

— Como poderia ser de outro modo? Sendo o que é, assemelha-se aos seus semelhantes e o outro não se lhes assemelha.

— Muito bem. Portanto, cada um é tal como aquele s a que se assemelha?

— Quem pode duvidar? — perguntou.

— Ao passo que o homem mau e ignorante quererá prevalecer sobre o seu semelhante e o seu contrário.

— É possível.





Os capítulos deste livro