O Livro da Selva - Cap. 5: RÍQUI -TÍQUI -TÁVI Pág. 105 / 158

«É Nague ou Nagaína - disse consigo -, e dirige-se de rastos para o cano de esgoto do quarto de banho.» - Tens razão, Chuchundra. eu devia ter falado com Chua.

E dirigiu-se furtivamente para o quarto de banho de Teddy, mas não havia lá coisa alguma, e depois para o quarto de banho da mãe. Ao fundo da parede de estuque liso faltava um tijolo para dar saída à água da banheira, e no momento em que Ríquí-Tíqui se enfiou pela guia de pedra em que a banheira assenta ouviu Nague e Nagaína a segredarem do lado de fora, ao luar.

- Quando a casa estiver desabitada de gente - dizia Nagaína ao marido -, ele terá de abalar e o quintal voltará a ser nosso. Entra depressa e lembra-te de que o homem grande que matou Caraite é o primeiro a morderes. Depois volta a dizer-mo, e juntos iremos à cata de Ríqui-Tíqui.

- Mas tens a certeza de que há qualquer vantagem em matar as pessoas? - disse Nague.

- Tenho. Quando não havia gente no bangaló tínhamos algum mangusto no quintal? Enquanto o bangaló estiver vago seremos rei e rainha do quintal, e lembra-te de que logo que os nossos ovos choquem no meloal (o que pode acontecer amanhã) os nossos miúdos hão-de precisar de espaço e de sossego.

- Não me tinha lembrado disso - disse Nague. - Vou já, mas não há necessidade de darmos logo caça a Ríqui-Tíqui. Vou matar o homem grande, a mulher e o pequeno, se puder, e voltarei tranquilamente.

O bangaló ficará vazio e Riqui-Tíqui vai-se embora.

Ao ouvir isto, Ríqui-Tíqui estremeceu todo de fúria e ódio, e depois a cabeça de Nague surgiu no cano, seguida de cinco pés de frio corpo. Por muito furioso que estivesse, Riqui-Tíqui ficou assustadíssimo ao ver o tamanho da grande cobra. Nague enroscou-se, ergueu a cabeça e olhou para o quarto de banho no escuro, e Ríqui-Tíqui viu-lhe cintilar os olhos.





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