Entoou por isso um canto lastimoso que compôs de improviso, e, no momento em que ele chegava ao ponto mais comovedor, a erva agitou-se de novo, e Ríqui-Tíqui, coberto de terra, arrastou-se para fora do buraco, uma perna de cada vez, a lamber o bigode. Darzi parou com um gritinho. Ríqui-Tíqui sacudiu do pêlo parte da terra e espirrou.
- Acabou-se - disse. - A viúva não volta a sair.
E as formigas vermelhas, que vivem entre os pés da erva, ouviram-no e começaram a descer em tropel, uma após outra, a ver se falara verdade.
Ríqui-Tíqui enroscou-se na erva e deitou-se ali, onde estava, dormindo a sono solto até alta tarde, porque realizara uma pesada tarefa.
- Agora - disse, quando acordou -, vou voltar para casa. Diz ao caldeireiro, Darzi, que anuncie ao quintal que Nagaína está morta.
O caldeireiro é um passarinho que faz um ruído exactamente igual ao do bater de um marte linho sobre uma panela de cobre, e a razão por que está sempre a fazê-lo é ser ele o pregoeiro de todos os quintais indianos que dá as novidades a quem as quer ouvir. Quando Ríqui-Tíqui subia o carreiro ouviu as suas notas de chamada, como um minúsculo tantã de jantar; a seguir, o ritmado ding-dong-toque. «Nague está morto!» Dong! «Nagaína está morta!» Ding-dong-toque! A isto todos os pássaros do quintal se puseram a cantar e as rãs a coaxar, porque Nague e Nagaína comiam rãs assim como passarinhos.
Quando Ríqui-Tíqui chegou a casa, Teddy, a mãe (que estava ainda muito pálida, porque havia desmaiado) e o pai saíram-lhe ao encontro e quase choraram sobre ele; nessa noite comeu tudo quanto lhe deram, até não poder mais, e foi para a cama ao ombro de Teddy, onde a mãe o viu quando veio, alta noite, espreitar.