O Livro da Selva - Cap. 6: TUMAI DOS ELEFANTES Pág. 123 / 158

- Tumai Grande fez uma careta pior que nunca. Lembra-te, porém, de que as quedá não são lugares para crianças brincarem - continuou Petersen.

- Não posso lá entrar nunca, Sàibe? - perguntou Tumai Pequeno com um grande suspiro.

- Podes - Petersen Sàibe sorriu de novo -, quando tiveres visto dançar os elefantes. É a ocasião apropriada. Vem ter comigo quando tiveres visto dançar os elefantes e então deixar-te-ei entrar em todas as quedás.

Ouviu-se estrondosa gargalhada, porque aquilo era um velho gracejo dos caçadores de elefantes, e quer simplesmente dizer nunca. Há grandes clareiras planas nas florestas a que chamam salas de baile dos elefantes, mas estas mesmas só por acaso se encontram e nunca ninguém viu dançar os elefantes. Quando um condutor se gaba da sua habilidade e valentia, dizem-lhe os outros: «E quando viste tu dançar os elefantes?»

Cala Nague pousou a Tumai Pequeno, que se curvou de novo até ao chão e abalou dali com o pai, deu a moeda de quatro anás à mãe, que trazia o irmãozinho ao peito, e foram todos colocados no dorso de Cala Nague; a coluna de elefantes, a grunhir e a urrar, rodou pesadamente pelas veredas da serra em descida para a planície. Era marcha muito movimentada devido aos elefantes novos, que em todos os vaus davam trabalho e que precisavam de mimo ou de pancada de dois em dois minutos.

Tumai Grande aguilhoava Cala Nague, despeitado porque estava fulo, mas Tumai Pequeno via-se feliz de mais para falar. Petersen Sàibe reparara nele e dera-lhe dinheiro, sentia-se por isso como um soldado raso que tivesse sido chamado das fileiras e louvado pelo comandante supremo.

- Que quis dizer Petersen Sàibe coma dança dos elefantes? - disse por fim, baixinho, à mãe.

Tumai Grande ouviu-o e resmungou:

- Que não deves ser nunca um daqueles pisteiros de búfalos serranos.





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