O Livro da Selva - Cap. 7: SERVIDORES DE SUA MAJESTADE Pág. 146 / 158

- Que homens? Quaisquer homens que vinham convosco? - disse o cavalo de esquadrão. - No picadeiro ensinam-nos a deitar-nos e deixar que os nossos amos façam fogo por cima de nós, mas Ricardo Cunliffe é o único homem a quem eu permitiria tal coisa. Faz-me cócegas na cinta, e depois, com a cabeça no chão, não vejo.

- Que importa saber quem dispara por cima da gente? - replicou o camelo. - Há muitos homens e muitos outros camelos perto, e muitas nuvens de fumo. Então não me assusto, deixo-me estar quieto e aguardo.

- E, contudo, tens maus sonhos - disse Biddy -, e pões todo o acampamento em alvoroço de noite. Bem! Bem! Antes de me agachar, já não falo em me sentar, e permitir que um homem atirasse por cima de mim, os meus cascos e a sua cabeça haviam de ter qualquer coisa a dizer-se mutuamente. Já ouviram coisa tão espantosa como esta?

Seguiu-se um longo silêncio. Depois, um dos bois das peças levantou a enorme cabeça e disse:

- Isto é, na verdade, um absurdo. Há uma maneira apenas de combater.

- Ah, continue - disse Biddy. - Por favor, não se incomode comigo. Calculo que vocês combatem erguidos na ponta do rabo?

- Uma só maneira - disseram os dois juntos (devem ter sido gémeos). - A maneira é esta: emparelhar as nossas vinte juntas todas à peça grande, logo que Dois Rabos urra. (Dois Rabos é gíria de acampamento para significar elefante.)

- Para que é que Dois Rabos urra? - inquiriu a mula nova.

- Para indicar que se não aproxima mais do fumo da outra banda, Dois Rabos é grande cobarde. Então todos juntos puxamos a grande peça- Heya, Hullah! Hiiyah... Hullah! Nós não trepamos como gatos, nem corremos como novilhos. Atravessamos a planície rasa,vinte juntas nossas até sermos de novo desemparelhados, e pomo-nos a pastar enquanto os grandes canhões conversam, através da planície, com alguma cidade de muralhas de terra e caem bocados de muralha, e a poeira sobe ao ar como se multidões de gado recolhessem a casa.





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