- Nunca tropeçais? - perguntou o cavalo da tropa.
- Diz-se que quando uma mula tropeça se pode rasgar uma orelha de galinha - afirmou Biddy. - Uma vez por outra talvez uma sela mal equilibrada possa derrubar uma mula, mas é muito raro. Gostaria de te mostrar o nosso trabalhinho. É lindo. Ora, levou-me três anos a descobrir o que é que os homens queriam. A ciência do caso está em nunca nos mostrarmos na linha do horizonte, porque, se o fizermos, podemos ser alvejadas, não te esqueças disto, menina. Oculta-te sempre, tanto quanto possível, mesmo que para isso tenhas de fazer um rodeio de milha. Eu sigo à frente da bateria, quando temos de executar uma escalada dessas.
- Alvejados, sem possibilidade de arremeter contra aqueles que alvejam - comentou o cavalo da tropa, muito concentrado. - Eu não aguentava isso. Eu havia de querer correr sobre eles com Ricardo.
- Ah! Não, não fazias tal, sabes que logo que as peças estão em posição, elas fazem todos os assaltos. É coisa científica e limpa, mas facas... irra!
O camelo de carga estivera a bambolear a cabeça de um lado para o outro havia certo tempo, impaciente por meter uma palavra de lado na conversa. Depois ouvi-o dizer, desimpedindo a garganta, nervosamente:
- Eu... eu... já combati um bocadinho, mas não dessa maneira de escaladas nem de corridas.
- Não. E, já que falas nisso - disse Biddy -, não parece que sejas feito para trepar ou para correr muito. E então como foi isso, velho molho de feno?
- À maneira normal - disse o camelo. - Sentámo-nos todos...
- Pelo meu rabicho e couraça! - disse o cavalo da tropa a meia-voz. - Sentaram-se?
- Sentámo-nos... éramos uma centena - continuou então o camelo -, num grande quadrado, e os homens empilharam os fardos e selas da parte de fora, e faziam fogo por cima de nós, de todos os lados.
