A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 9: O ÚLTIMO CASO Pág. 194 / 210

Não imagina os problemas que isso me causou. Os nossos anfitriões britânicos não foram nada amigos nessa ocasião, garanto-lhe. Passei dois anos à margem. Agora você, com essa sua pose desportiva...

- Não, não. Não lhe chame pose. A pose é uma atitude artificial e isto, em mim, não é estudado. Nasci desportista, gosto de desporto.

- Melhor ainda; o resultado é mais eficaz. Você compete com eles em corridas de iate, caça com eles, joga pólo, defronta-os em todo o tipo de jogos, a sua quadriga arrebata o primeiro prémio no Olympia. Ouvi até dizer que vai ao ponto de jogar boxe com oficiais subalternos. Qual é o resultado? Ninguém o toma a sério. Você é um «bom velho tipo», um «sujeito formidável para alemão», um bebedor de respeito, um senhor dos clubes nocturnos, um boémio insensato. E, todavia, esta sua tranquila casa de campo é o centro de metade das intrigas que ocorrem na Inglaterra, e o desportista galante o mais astuto agente secreto da Europa. Génio, meu caro Von Bork, génio!

- Lisonjeia-me, barão... mas é verdade que os meus quatro anos neste país não foram estéreis. Nunca lhe mostrei a minha pequena colecção. Quer entrar por um minuto?

A porta do gabinete abria para o terraço. Von Bork empurrou-a e indicou o caminho. Acendeu a luz eléctrica. Fechou depois a porta sobre a figura corpulenta que o seguira e compôs cuidadosamente o pesado reposteiro da janela com gelosia. Só após a tomada e a confirmação destas precauções, Von Bork virou para o seu convidado o rosto aquilino e queimado do sol.

- Já não tenho alguns dos meus papéis - disse. - A minha mulher e o pessoal partiram ontem para Flushing e levaram os menos importantes. Claro que vou solicitar a protecção da embaixada para os que restam.





Os capítulos deste livro