- Para o quê, posso perguntar-lhe?
- Ora bem, para o mesmerismo, por exemplo.
- A experiência demonstrou-me que os mesmeristas tomam para pacientes pessoas cuja inteligência não é sã. Todos os resultados estão falseados, ao que me parece, pelo facto de que se ocupam de organismos anormais.
- Qual destas damas possui um organismo normal, em seu entender? - perguntou. - Gostava de vê-lo escolher uma pessoa que lhe pareça ter o espírito melhor equilibrado. Tomaríamos, por exemplo, a jovem do vestido vermelho e branco, miss Agathe Marden? Creio que seja o seu nome.
- Sim, concederei alguma importância aos resultados obtidos graças a ela.
- Nunca experimentei até que ponto é impressionável.
Naturalmente, certas pessoas respondem muito mais depressa do que outras. Posso perguntar-lhe até onde se estende o seu cepticismo? Suponho que admite o sono mesmérico e o poder da sugestão?
- Não admito nada, miss Penelosa.
- Ah, meu Deus! Julgava a ciência mais adiantada do que isso. Naturalmente, não conheço nada do lado científico da coisa. Sei apenas o que posso fazer. Está, por exemplo, a ver aquela jovem de vestido encarnado ali junto do vaso japonês? Vou querer que ela venha até junto de nós.
Enquanto assim falava, inclinou-se e deixou cair o leque. A jovem deu meia volta e veio direito a nós, com ar interrogador, como se alguém a tivesse chamado.
- Que dizes a isto, Gilroy? - exclamou Wilson, numa espécie de êxtase.
Não me atrevi a dizer-lhe o que pensava.
Para mim, era o acto mais impudente, a impostura mais descarada de que já fora testemunha alguma vez.
A combinação e o sinal tinham sido realmente demasiado visíveis.