Eis a alternativa: ou ser um grosseirão assim ou ser papalvo.
Não me encontrava, portanto, de muito bom humor quando acompanhei Wilson até junto da dama.
Não poderia imaginar-se nada que menos lembrasse a ideia de uma mulher das Índias Orientais. Era uma criaturinha frágil, que tinha, acho eu, ultrapassado os quarenta anos, com um rosto magro, pontiagudo, e cabelos castanhos claros.
A sua pessoa era insignificante, e os seus modos muito reservados.
Se escolhêssemos ao acaso um grupo de dez mulheres, ela teria sido certamente a última que escolheríamos.
Os olhos eram talvez o que tinha de mais notável, e devo acrescentar que não era a parte mais agradável da sua fisionomia.
Eram cinzentos, puxando um pouco para o verde, e a sua expressão deixou-me definitivamente a sensação de um olhar sonso... Sonso, será deveras a palavra conveniente? Não deveria dizer antes cruel? Não, pensando bem, a palavra felino transmitiria melhor o meu pensamento.
Uma muleta encostada à parede revelou-me uma coisa aliás penosa de ver, quando ela se levantou: é que coxeava fortemente de uma perna.
Fui então apresentado a miss Penelosa, e não deixei de notar que quando o meu nome foi pronunciado, ela lançou um olhar na direcção de Agathe.
Era evidente que Wilson tinha falado.
"E em breve", disse para comigo, "vai revelar-me por meios ocultos que estou noivo de uma jovem que tem espigas de trigo nos cabelos."
Perguntei-me se Wilson não lhe dissera muito mais acerca de mim.
- O professor Gilroy é um terrível céptico - disse ele. - Espero, miss Penelosa, que esteja à altura de convertê-lo.
Ela encarou-me com atenção.
- O professor Gilroy tem toda a razão para estar céptico, se nunca viu nada de natureza a convencê-lo… - replicou.