À medida que nos aproximávamos do Tamisa, o bloqueio nas estradas tomou-se mais denso e os obstáculos mais difíceis de ultrapassar. Foi com dificuldade que atravessámos a Ponte de Londres. Os acessos do lado de Middlesex estavam entupidos de um lado ao outro por tráfego parado que impossibilitava qualquer avanço naquela direcção. Um navio ardia intensamente num dos molhes perto da ponte, e o ar estava impregnado de fuligem a voar e de um pesado cheiro acre a queimado. Havia uma nuvem de fumo denso algures próximo das Casas do Parlamento, mas onde nos encontrávamos era impossível ver o que estava a arder.
- Não sei o que vos parece - comentou Lorde John, enquanto parava o automóvel-, mas eu acho que o campo é mais alegre do que a cidade. Londres morta está a dar-me cabo dos nervos. Proponho que demos uma volta pela cidade e depois voltemos para Rotherfield.
- Eu confesso que não percebo o que podemos esperar daqui - disse o professor Summerlee.
- Ao mesmo tempo - disse Challenger, com a voz potente atroar estranhamente no meio do silêncio -, é difícil para nós concebermos que de sete milhões de pessoas sobra apenas aquela senhora idosa que devido a uma peculiaridade de constituição ou um acidente de ocupação conseguiu sobreviver a esta catástrofe.
- Se existirem outras pessoas, como podemos esperar encontrá-las, George? -perguntou a senhora. - E no entanto eu estou de acordo contigo de que não podemos voltar antes de termos tentado.
Saímos do automóvel, deixando-o estacionado junto ao passeio, caminhámos com alguma dificuldade ao longo do passeio cheio de pessoas de King William Street, e entrámos pela porta aberta de um grande escritório de uma companhia de seguros. Era uma casa de esquina, e escolhemo-la porque tinha uma visibilidade ampla em todas as direcções. Subindo as escadas, passámos pelo que suponho que tenha sido a sala de reuniões, pois oito homens idosos estavam sentados em volta de uma mesa comprida no centro do aposento. A porta estava aberta e todos saímos para a varanda.