Uma dúzia de autocarros motorizados erguiam-se como ilhas nesta enchente, e os passageiros que enchiam os andares superiores jaziam todos encostados e por cima dos colos uns dos outros como os brinquedos num quarto de criança. Num grande pedestal com um candeeiro, no centro da rua, um corpulento polícia-estava de pé, com as costas encostadas ao poste, numa atitude tão natural que era difícil perceber que não estava vivo, enquanto a seus pés jazia um esfarrapado entregador de jornais com o seu monte de jornais no chão a seu lado. Uma carroça de jornais tinha ficado bloqueada no meio da multidão, e podíamos ler em letras garrafais, preto sobre amarelo, «Distúrbios no Lord' s. Jogo distrital interrompido». Aquela devia ser a primeira edição, pois havia outros cartazes com a legenda, «Será o fim? Aviso de Grande Cientista». E outro, «Terá Challenger razão? Rumores ominosos».
Challenger indicou o último cartaz à mulher, como se este se erguesse como um estandarte acima da multidão. Vi-o atirar o peito para a frente e afagar a barba enquanto o contemplava. Aquela mente complexa sentia-se satisfeita e lisonjeada ao pensar que Londres morrera com o seu nome e as suas palavras ainda presentes nos pensamentos. Os seus sentimentos eram tão evidentes que suscitaram o comentário sardónico do colega.
- Na ribalta até ao fim, Challenger - comentou ele.
- Assim parece - respondeu este, com complacência. - Bem - acrescentou, enquanto baixava os olhos para a longa paisagem de ruas que se cruzavam, todas em silêncio e todas afogadas em morte -, na verdade não vejo qualquer vantagem em ficarmos mais tempo em Londres. Sugiro que regressemos imediatamente a Rotherfield, e depois reflictamos sobre a forma de empregarmos com a maior utilidade possível os anos que se estendem à nossa frente.