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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 60
Mas usou uma frase com iteração cansativa que continua viva na minha memória, e por fim quase me fez rir como um comentário sobre o dia do juízo final.

- Grandes acontecimentos! Céus!

Era essa a sua exclamação a cada combinação tremenda de morte e desastre exibida à nossa frente. «Grandes acontecimentos! Céus!», exclamou ele quando descíamos a colina da estação em Rotherfield, e foi ainda «Grandes acontecimentos! Céus!» quando abríamos caminho por entre uma confusão de morte na Rua Principal de Lewisham e na Old Kent Road.

Foi aqui que tivemos um choque inesperado e surpreendente. À janela de uma humilde casa numa esquina apareceu um lenço de mão a flutuar na ponta de um braço humano comprido e fino. Nunca a visão da morte inesperada tinha feito os nossos corações parar e depois bater tão violentamente como esta surpreendente indicação de vida. Lorde John encostou o carro ao passeio, e instantes depois entrávamos apressadamente pela porta aberta da casa e subíamos a escadaria para o quarto da frente no segundo andar, de onde viera o sinal.

Uma senhora muito idosa estava sentada numa cadeira junto à janela aberta, e perto dela, em cima de uma segunda cadeira, encontrava-se um cilindro de oxigénio, mais pequeno mas do mesmo formato dos que tinham salvo as nossas vidas. Ela voltou o seu rosto magro, cansado e com óculos para nós quando nos amontoámos à porta.

- Receei ter ficado abandonada aqui para sempre - disse ela -, pois sou inválida e não posso andar.

- Bem, minha senhora - respondeu Challenger -, foi uma sorte nós termos passado por aqui.

- Tenho uma pergunta extremamente importante para vos fazer - disse ela. - Cavalheiros, imploro-vos que sejam francos comigo. Que efeito terão estes acontecimentos sobre as acções da London and North-Westem Railway?

Podíamos ter rido, não fora a trágica ansiedade com que ela esperava a nossa resposta. A Sr.ª Burston, pois era esse o seu nome, era uma viúva idosa, cujo rendimento dependia inteiramente de um pequeno lote destas acções. A sua vida tinha sido regulada pela queda e pela subida dos dividendos, e não conseguia formar uma concepção de existência a não ser a que estava ligada à cotação das suas acções. Foi em vão que lhe referimos que todo o dinheiro do mundo era seu, se o quisesse, mas que era completamente inútil. A sua velha mente não queria adaptar-se à ideia nova, e ela chorou ruidosamente pelas acções perdidas.

- Era tudo o que eu tinha - choramingou ela. - Se elas desapareceram, o melhor é eu desaparecer também.

No meio das suas lamentações descobrimos como é que esta frágil planta idosa tinha vivido quando toda a grande floresta caíra. Ela era inválida e asmática.

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 60

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65