O Sinal dos Quatro - Cap. 7: 7 - O Episódio do Barril Pág. 64 / 133

Não odiava Bartholomew Sholto e teria preferido que fosse apenas amarrado e amordaçado. Não queria matá-lo. Mas não havia nada a fazer: os instintos selvagens do seu companheiro haviam-se manifestado, e o veneno actuara. Jonathan Small deixou então o seu sinal, desceu o cofre do tesouro e saiu, ele também, pela janela. Foi esta a sequência dos acontecimentos tanto quanto consigo decifrá-los. Em relação ao aspecto do homem, claro que deve ser de meia-idade e estar tostado pelo sol depois de ter cumprido a sua pena no forno que é Andamão. A sua altura pode ser facilmente calculada a partir do comprimento da passada. Sabemos que tinha barba. A calvície foi o que mais impressionou Thaddeus Sholto quando o viu na janela. Creio que é tudo.

- E o cúmplice?

- Ah, bem, não é um grande mistério. Mas em breve saberá tudo. Como é agradável o ar da manhã! Olhe aquela nuvenzinha que flutua no ar: parece a plumagem cor-de-rosa de um flamingo, gigante. O círculo vermelho do Sol começa a aparecer sobre as nuvens de Londres. Ilumina muita gente, mas ninguém, aposto, que esteja numa situação mais estranha que a nossa. Como nos sentimos pequenos, com as nossas ambições e rivalidades insignificantes, perante as poderosas forças da Natureza! Como vai o seu Jean Paul?

- Bastante bem. Regressei a ele através de Carlyle.

- Isso foi como subir um regato até ao lago original. Ele faz uma observação curiosa e profunda. Afirma que a maior prova da verdadeira grandeza do Homem reside na percepção da sua própria pequenez. Defende, como vê, a existência de uma capacidade de comparação e apreciação que é, em si mesma, uma prova de nobreza. Richter fornece-nos muitos motivos de reflexão. Não tem uma pistola, pois não?

- Tenho a minha bengala.





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