O Sinal dos Quatro - Cap. 9: 9 - Uma Quebra na Sequência Pág. 83 / 133

Dizia o seguinte:

DESAPARECIDOS - Tendo Mordecai Smith, barqueiro, e o seu filho Jim, saído do seu embarcadouro cerca das três horas da manhã da última terça-feira, na lancha a vapor Aurora, preta com duas riscas vermelhas, chaminé preta com uma faixa branca, será paga a quantia de cinco libras a quem puder informar a Sr.a Smith, no embarcadouro ou no 221 B de Baker Street, acerca do paradeiro do citado Mordecai Smith e da lancha Aurora.

Era evidente que fora Holmes quem pusera o anúncio.

Bastava o endereço de Baker Street para o provar. Pareceu-me bastante engenhoso, porque poderia ser lido pelos fugitivos sem que se apercebessem de nada para além da natural ansiedade de uma mulher em relação ao seu marido desaparecido.

Foi um longo dia. Cada vez que ouvia bater à porta, ou passos apressados na rua, imaginava que era Holmes que chegava ou alguma resposta ao seu anúncio. Tentei ler. Mas o meu pensamento desviava-se para a nossa estranha investigação e para aquele par de invulgares malfeitores que perseguíamos. Perguntava a mim próprio se não haveria qualquer falha radical no raciocínio do meu companheiro. Não poderia ele estar a ser vítima de alguma ilusão? Não seria possível que o seu vivo e especulador espírito tivesse construído aquela abstrusa teoria sobre falsas premissas? Nunca o vira enganar-se, mas até o mais perspicaz raciocinador pode ocasionalmente errar. Era pessoa para cometer qualquer erro devido ao exagerado requinte da sua lógica, à sua preferência por uma explicação subtil e bizarra, ainda que outra mais simples e sensata se lhe oferecesse. Mas, por outro lado, eu próprio vira os indícios e escutara as razões das suas deduções.





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