A Harpa do Crente - Cap. 10: A CRUZ MUTILADA Pág. 108 / 117

natureza envia ao Céu no extremo

Raio de sol, passando fugitivo

Na tangente deste orbe, ao qual trouxeste

Liberdade e progresso, e que te paga

Com a injúria e o desprezo, e que te inveja

Até, na solidão, o esquecimento!

Foi da ciência incrédula o sectário,

Acaso, ó cruz da serra, o que na face

Afrontas te gravou com mão profusa?

Não! Foi o homem do povo, a quem consolo

Na miséria e na dor constante hás sido

Por bem dezoito séculos: foi esse

Por cujo amor surgias qual remorso

Nos sonhos do abastado ou do tirano,

Bradando — esmola! a um; piedade! ao outro.

Ó cruz, se desde o Gólgota não foras

Símbolo eterno de uma crença eterna;

Se a nossa fé em ti fosse mentida,

Dos opressos de outrora os livres netos

Por sua ingratidão dignos de opróbrio,

Se não te amassem, ainda assim seriam.





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