A Harpa do Crente - Cap. 10: A CRUZ MUTILADA Pág. 115 / 117

Não! Quando, em pó desfeita, a cruz divina

Deixar de ser perene testemunho

Da avita crença, os montes, a espessura,

O mar, a Lua, o murmurar da fonte,

Da natureza as vagas harmonias,

Da cruz em nome, falarão do Verbo.

Dela no pedestal, então deserto,

Do deserto no seio, ainda o poeta

Virá, talvez, ao pôr do Sol sentar-se;

E a vez da selva lhe dirá que é santo

Este rochedo nu, e um hino pio

A solidão lhe ensinará e a noite.

Do cântico futuro uma toada

Não sentes vir, ó cruz, de além dos tempos

Da brisa do crepúsculo nas asas?

É o porvir que te proclama eterna;

É a voz do poeta a saudar-te.

Montanha do Oriente,

Que, sobre as nuvens elevando o cume,

Divisas logo o Sol, surgindo a aurora,

E que, lá no Ocidente,

Última vez seu radioso lume,

Em ti minha alma a eterna cruz adora.





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