A Harpa do Crente - Cap. 10: A CRUZ MUTILADA Pág. 116 / 117

Rochedo, que descansas

No promontório nu e solitário,

Como atalaia que o oceano explora,

Alheio às mil mudanças

Que o mundo agitam turbulento e vário,

Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Sobros, robles frondentes,

Cuja sombra procura o viandante,

Fugindo ao Sol a prumo que o devora,

Nesses dias ardentes

Em que o Leão nos céus passa radiante,

Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Ó mato variado,

De rosmaninho e murta entretecido,

De cujos ténues flores se evapora

Aroma delicado,

Quando és por leve aragem sacudido,

Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Ó mar, que vais quebrando

Rolo após rolo pela praia fria,

E fremes som de paz consoladora,

Dormente murmurando

Na caverna marítima sombria,

Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Ó Lua silenciosa,

Que em perpétuo volver, seguindo a Terra,

Esparzes tua luz ameigadora

Pela serra formosa,

E pelos lagos que em seu seio encerra,

Em ti minha alma a eterna cruz adora.





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