Debalde o servo ingrato
No pó te derribou
E os restos te insultou,
Ó veneranda cruz:
Embora eu te não veja
Neste ermo pedestal;
És santa, és imortal;
Tu és a minha luz!
Nas almas generosas
Gravou-te a mão de Deus,
E, à noite, fez nos céus
Teu vulto cintilar.
Os raios das estrelas
Cruzam o seu fulgor;
Nas horas do furor
As vagas cruza o mar.
Os ramos enlaçados
Do roble, choupo e til
Cruzando em modos mil,
Se vão entretecer.
Ferido, abre o guerreiro
Os braços, solta um ai,
Pára, vacila, e cai
Para não mais se erguer.
Cruzado aperta ao seio
A mãe o filho seu,
Que busca, mal nasceu,
Fontes da vida e amor.
Surges, símbolo eterno,
No Céu, na Terra e mar,
Do forte no expirar,
E do viver no alvor!