A Harpa do Crente - Cap. 1: A SEMANA SANTA Pág. 20 / 117

Vibrou-se a maldição. Bem como um sonho,

Jerusalém passou: sua grandeza

Somente existe em derrocadas pedras.

O vate de Anatoth, sobre seus restos,

Com triste canto deplorou a pátria.

Hino de morte alçou: da noite as larvas

O som lhe ouviram: ’squálido esqueleto,

Rangendo os ossos, dentre a hera e musgos

Do pórtico do templo erguia um pouco,

Alvejando, a caveira. Era-lhe alívio

Do sagrado cantor a voz suave

Desferida ao luar, triste, no meio

Da vasta solidão que o circundava.

O profeta gemeu: não era o estro,

Ou o vívido júbilo que outrora

Inspirara Moisés: o sentimento

Foi sim pungente de silêncio e morte,

Que da pátria lhe fez sobre o cadáver

A elegia da noite erguer e o pranto

Derramar da esperança e da saudade.

XX

A LAMENTAÇÃO

Como assim jaz e solitária e queda

Esta cidade outrora populosa!

Qual viúva ficou e tributária

A senhora das gentes.





Os capítulos deste livro