A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 43 / 117

Mas o justo, chegando à meta extrema,

Que separa de nós a eternidade,

Transpõe-na sem temor, e em Deus exulta.

O infeliz e o feliz lá dormem ambos,

Tranquilamente: e o trovador mesquinho,

Que peregrino vagueou na Terra,

Sem encontrar um coração ardente

Que o entendesse, a pátria de seus sonhos,

Ignota, por lá busca; e quando as eras

Vierem junto às cinzas colocar-lhe

Tardios louros, que escondera a inveja,

Ele não erguerá a mão mirrada,

Para os cingir na regelada fronte.

Justiça, glória, amor, saudade, tudo,

Ao pé da sepultura, é som perdido

De harpa eólia esquecida em brenha ou selva:

O despertar um pai, que saboreia

Entre os braços da morte o extremo sono,

Já não é dado ao filial suspiro;

Em vão o amante, ali, da amada sua

De rosas sobre a c’roa debruçado,

Rega de amargo pranto as murchas flores

E a fria pedra: a pedra é sempre fria,

E para sempre as flores se murcharam.





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