A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 50 / 117

sobe,

E referve, e trasborda, e se derrama

Pelas ruas além: clamor retumba

De anarquia impudente, e o brilho de armas

Pelo escuro transluz, como um presságio

De assolação, e se amontoam vagas

Desse mar d’abjecção, chamado o vulgo;

Desse vulgo, que ao som de infernais hinos

Cava fundo da Pátria a sepultura,

Onde, abraçando a glória do passado

E do futuro a última esperança,

As esmaga consigo, e ri morrendo.

Tal és, cidade, licenciosa ou serva!

Outros louvem teus paços sumptuosos,

Teu ouro, teu poder: sentina impura

De corrupções, teus não serão meus hinos!

XIV

Cantor da solidão, vim assentar-me

Junto do verde céspede do vale,

E a paz de Deus do mundo me consola.

Avulta aqui, e alveja entre o arvoredo,

Um pobre conventinho. Homem piedoso

O alevantou há séculos, passando,

Como orvalho do céu, por este sítio,

De virtudes depois tão rico e fértil.





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