Vê-lo, rico de opróbrio, ir assentar-se
Em joelhos nos átrios dos tiranos,
Onde, entre o lampejar de armas de servos,
O servo popular adora um tigre?
Esse tigre é o ídolo do povo!
Saudai-o; que ele o manda: abençoai-lhe
Ó férreo ceptro: ide folgar em roda
De cadafalsos, povoados sempre
De vítimas ilustres, cujo arranco
Seja como harmonia, que adormente
Em seus terrores o senhor das turbas.
Passai depois. Se a mão da Providência
Esmigalhou a fronte à tirania;
Se o déspota caiu, e está deitado
No lodaçal da sua infâmia, a turba
Lá vai buscar o ceptro dos terrores,
E diz: «É meu»; e assenta-se na praça,
E envolta em roto manto, e julga, e reina.
Se um ímpio, então, na afogueada boca
De vulcão popular sacode um facho,
Eis o incêndio que muge, e a lava