A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 58 / 117

»

E eu lento vou descendo, e sondo as trevas:

Busco parar; parar um só instante!

Mas a cruel, travando-me da dextra,

Me faz cair mais fundo, e grita: «Avante!»

Porque escutar o trânsito das horas?

Alguma delas trar-me-á conforto?

Não! Esses golpes, que no bronze ferem,

São para mim como dobrar por morto.

«Morto!, morto!» me clama a consciência:

Diz-mo este respirar rouco e profundo.

Ai!, porque fremes, coração de fogo,

Dentro de um seio corrompido e imundo?

Beber um ar diáfano e suave,

Que renovou da tarde o brando vento,

E convertê-lo, no aspirar contínuo,

Em bafo apodrecido e peçonhento!

Estender para o amigo a mão mirrada,

E ele negar a mão ao pobre amigo;

Querer uni-lo ao seio descarnado,

E ele fugir, temendo o seu perigo!

E ver após um dia ainda cem dias,

Nus d’esperança, férteis de amargura;

Socorrer-me ao porvir, e achá-lo um ermo,

E só, bem lá no extremo, a sepultura!

Agora!.





Os capítulos deste livro